domingo, 26 de março de 2017

Mulher gosta de dinheiro?

Essa é uma das perguntas que mais são feitas no meio masculino, e motivo de preocupação para muitos, pois nem todos detêm as bênçãos da boa saúde financeira. A psicologia evolutiva nos ensina que as mulheres se sentem atraídas por homens capazes de prover recursos essenciais à vida, o que não deixa de ser verdade. Contudo, esse tipo de assertiva não deve ser analisada isoladamente, mas em conjunto com outras fontes de conhecimento, sob pena de crermos que basta ao homem ser independentemente financeiro para se tornar alvo dos interesses femininos.

É um grave erro achar que as mulheres estão unicamente interessadas somente no poder aquisitivo do homem. Elas até podem fingir gostar de você, seja para alimentar seus egos famintos, seja para faturar uns presentinhos, mas a verdade nua e crua é que dinheiro por si só não é sinônimo de mulher apaixonada. Eis um exemplo fotográfico que ilustra a situação em supra:


O coroa da foto é Flavio Briatore, chefe da equipe Renault de Fórmula 1, ao lado de sua nova mulher, Elisabetta Gregoraci. Interesse romântico? Acho difícil... Interesse material? Provavelmente.

Note que casos como o de Biatore são raríssimas exceções. Mulheres sentem-se atraídas por vários atributos masculinos (a edição nº 2.261 da revista Veja enumera nada mais, nada menos que 14 deles!), mas certamente a riqueza e beleza encabeçam o topo da lista. O que sobra em Flavio de dinheiro, lhe falta em beleza.

Não se iludam com o velho engodo de que a riqueza masculina é o que a beleza feminina é para o homem. Essa falácia surgiu em função de outra falácia: a de achar que é o poder aquisitivo masculino isoladamente que atrai as mulheres e não em conjunto com sua beleza. Note que a maioria esmagadora dos endinheirados são considerados bonitos para os parâmetros femininos. Portanto, o dinheiro é meio e não fim para atrair mulheres. Deixo-vos alguns exemplos dessa realidade:


Dan Bilzerian, vulgo Playboy do Instagram. O corpo musculoso, a barba espartana e a fama certamente são um afrodisíaco natural para qualquer mulher. Interesse romântico e material unidos em uma só pessoa.


Olin Batista, filho do empresário milionário Eike Batista, ao lado de Babi Rossi, ex-panicat do Programa Pânico. Olin, além de DJ, certamente está dentro dos parâmetros de beleza masculina. As alfinetadas de Babi Rossi após o fim do “romance”, é um indício de que, além de material, o relacionamento contou com interesse romântico.

Sempre me questionei o motivo de uma pergunta tão singela ser alvo de tanta polêmica. É lógico que mulher gosta de dinheiro. Não só as mulheres, como todo mundo (Oh, rly?). Mas daí achar que para atrair as mulheres basta uma gorda conta bancária é um grande equívoco. Se não houver um mínimo de beleza envolvida, você não passará de uma carteira ambulante. Elas irão gostar do seu dinheiro, não de você. De você, elas simplesmente vão fingir gostar.

O imperador romano Júlio César, em defesa do divórcio de sua ex-mulher, Pompeia, proclamou uma frase que deu origem a seu famoso adágio: “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. O mesmo vale para o homem: não lhe basta ser rico, deve parecer rico.


Au revoir!

Marriage Strike: a greve de casamento

Os tempos modernos nos dão claro testemunho de que o casamento é um instituto em franca decadência. Mal se toca no assunto e a impressão que se passa é que falar em casamento é o mesmo que falar do diabo. E então, por que diabos, o casamento quedou do Céu ao Inferno em poucas décadas? Elementar, meu caro Watson: inversão de valores.

O advento dos métodos anticoncepcionais possibilitou às mulheres a chance de sexo farto e ilimitado sem que isso implicasse necessariamente uma gravidez, o que despertou um latente instinto promíscuo feminino. A fidelidade e os vínculos conjugais, que antes eram imprescindíveis para os bons cuidados aos rebentos, tornaram-se dispensáveis uma vez que a gravidez agora se tornou evitável.

Diante desta nova realidade, algumas mulheres resolveram abandonar os “bons modos” e passaram a por em prática o sexo e o amor, livres de amarras morais ou éticas. Ignoraram solenemente o fato de que o instinto masculino, forjado na bigorna de milhares de anos de evolução, anseia por uma mulher casta, pudica e recatada. Afinal de contas, um comportamento promíscuo no longínquo passado humano poderia significar manter o filho alheio, o que é naturalmente uma ideia abjeta sob o ponto de vista evolutivo (tendo o ciúmes surgido como resposta adaptativa).[1]

Não bastasse isso, algumas feminazi (que se dizem feministas) justificam suas libertinagens nas libertinagens masculinas, como se pegar o que há de pior no ser humano fosse parâmetro para querer se igualar. Ora, se assim fosse, nos tornaríamos todos assassinos sob o pretexto de que existe assassinos no mundo, o que obviamente é uma ideia no mínimo absurda. O argumento de que não existem homens castos, pudicos e recatados é inválido, pois existem (e geralmente eles têm potencial para serem os bons maridos de amanhã, lembrem-se).

A questão é: esse pensamento se propagou de tal forma que nos tempos modernos é praticamente impossível encontrar uma “beata” (em que a aparência obviamente não tenha sido determinante para esta condição, em outras palavras, uma mulher feia) que tenha saído incólume da mosquinha rosa da libertinagem feminina. E o motivo para tanto é muito simples: o ser humano age por conveniência. Seja você homem ou mulher.

Certo, e você me pergunta agora o que isso tudo tem a ver com o famigerado casamento? É fácil entender. As mulheres, no ápice da juventude, detém um poder de barganha infinitamente superior ao do homem. Diante desse poder, naturalmente elas darão preferência para os douchebags pois o poder de barganha dos dois corresponde. Obviamente ela não se importa tanto com o fato de ele ser um completo cretino pois o caráter é um aspecto acessório nas relações humanas, e não principal. Até aí tudo bem: a lolita entra com a beleza e o bad boy com seu status. Justo.

O grande problema nessa grande equação social é que as mulheres não contam que o poder de barganha delas tende a diminuir com o tempo ao passo que o do homem tende a aumentar. Considerando que a relação se originou de uma barganha nivelada, o homem ao perceber que essa relação está se tornando desequilibrada (seu poder de barganha aumenta cada vez mais ao passo que o do da mulher diminui cada vez mais) abandona essa mulher e arranja uma capaz de fazer justiça a seu poder de barganha. E não há nada de errado nisso. Da mesma forma como conveio à nossa jovenzinha preferir o bad boy ao nerd, conveio ao nosso provecto magnata preferir a novinha à velhinha.


O magnata estadunidense e presidente dos EUA, Donald Trump, ilustra bem esse exemplo. Casou-se com 3 mulheres, uma mais nova que a outra. Exemplo claro da hipergamia feminina aplicada na prática.

Isso tudo poderia ser facilmente evitado se as mulheres pensassem mais com a cabeça do que com o coração, mais prospectivamente do que contemporaneamente. Creio que vale a pena sacrificar uma vida de tentações e livre de putaria na juventude para dedicar sua vida a um nice guy. Como já foi explicado em outro artigo, o “cara bonzinho” valoriza imensamente relacionamentos com mulheres que lhe agradam. É quase certo que, lá na frente, quando a velhice bater sua porta, ele a enxergará como mulher e não como bem de consumo, e dessa vez ele sacrificará passatempos com novinhas para estar ao seu lado, como reconhecimento e pagamento da dívida que ele tinha com ela quando tinha tudo em cima e enxuto. Mas isso jamais acontecerá pois a maioria das mulheres tem o condão de agir impulsivamente.

Ok, e onde entra o Marriage Strike nessa história toda? O casamento, que antes era um instituto voltado a garantir que mulheres honrassem seus maridos e vice-versa, tornou-se uma excelente forma das mulheres garantirem o melhor de dois tempos: a juventude e a velhice. Na juventude vive uma vida de pura libertinagem e na velhice tem um casamento à disposição para receber as honras masculinas que jamais retribuiu. Poderíamos traçar um paralelo de alguém que planta uma árvore cujos frutos serão devorados por alguém que nada fez para que a árvore frutificasse.

O problema (para as mulheres, é claro), é que os homens perceberam que, no casamento, o homem tem tudo a perder e a mulher tudo a ganhar! Percebendo que o casamento migrou da esfera do sagrado para a do profano, os homens resolveram impor um embargo a essa prática, nascendo aí o famigerado Marriage Strike (ou Greve de Casamento na nossa boa e velha língua pátria).

Pelo visto, o casamento perdeu o ar da graça e ganhou a fama da pena de caráter perpétuo, tão repetida nas nossas rodas de bar.

Au revoir!    


[1] http://veja.abril.com.br/ciencia/a-quimica-do-amor/

Academia: um mal necessário

Acredito que seja consenso que a constante busca por uma vida mais saudável e um corpo esbelto certamente é uma das várias formas de desenvolvimento humano que temos ao nosso dispor. Por ser um esporte que demanda sacrifício e uma irresignação descomunal, muitos acabam desistindo e voltando àquela velha vida de Coca-Cola com Doritos.

Seria leviano de minha parte dizer que os que praticam musculação o praticam por puro interesse. Apesar do interesse ser regra entre nós, eu precisaria conhecer o íntimo de cada um para realizar tal afirmação. Mas arrisco dizer que, como a maioria das ações que tomamos parte, a musculação não foge à regra do interesse.

E qual interesse seria esse, afinal? Atrair os cobiçosos olhares femininos e, quem sabe, descolar uma paquera. Diante dessa afirmação, logo surgem hostes bradando que a musculação deve ser feita por amor a prática e que a prática do esporte apenas para atrair a atenção feminina é algo condenável.

Posso começar dizendo que essas pessoas não tem autoridade (nem moral) para dizer os motivos pelo qual alguém deve ou não deve praticar musculação. Parem com essa demagogia barata porque ela só cola para os pseudointelectuais e os politicamente corretos (embora eu acredite que um é sinônimo do outro). Enchem a boca para condenar, como se os motivos para as críticas fossem um detalhe insignificante.

A verdade, meu caros (e minhas caras), arrisco dizer, é que a maioria das pessoas vai para a academia para satisfazer o ego de uma sociedade cada vez mais entregue às vaidades. Nem mais, nem menos. E não há nada de errado nisso. Quem diz não apreciar uma mulher ou um homem bonito de dois, um: ou é um hipócrita, ou padece de alguma condição psicológica obscura (e por favor, vamos esquecer aqui a questão de gênero; entenda homem como aquele que possui um órgão sexual masculino e mulher como aquela que possui um órgão sexual feminino).

Se você está atrás de mulher com alto poder de barganha, deve ter um poder de barganha superior ou no mínimo equivalente ao dela. Do contrário, escutará as velhas desculpas de sempre: “Ah, sabe o que é, eu já tenho namorado.” ou “Não temos química.” ou ainda “Vamos ficar só na amizade, tá?”.

Sabemos bem que a vida é infinitamente mais fácil para quem nasceu em berço de ouro, mas estar no fundo do poço não significa que não possamos sair dele, mas temos que estar disposto a pagar o preço por isso.

A musculação é um preço amargo a ser pago, mas seus frutos certamente serão doces.

Aristóteles, em toda sua sabedoria, já havia nos dito: “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”.


Au revoir!

sexta-feira, 24 de março de 2017

Dad Bod: mais uma cretinice alienante à desserviço do homem

Faz algum tempo que li esta matéria na GQ Brasil a respeito da nova preferência entre as mulheres estadunidenses: o dad bod, ou traduzindo para o bom e velho português, o corpinho ‘pai de família’.

Confesso que ao ler não sabia se morria de dar gargalhadas ou se lamentava o fato de vivermos em um mundo cada vez mais permeado pela hipocrisia e falsidade. Pobre daquele incapaz de desenvolver um senso suficientemente crítico para perceber os perigos que algumas ideias estapafúrdias são capazes de albergar.

Eu e tantos outros, estamos cansados de ouvir a velha ladainha de que gosto é algo bastante particular e que cada um tem o seu. Balela. O padrão de beleza não é (e não deve) ser absoluto, mas uma breve observação deixa clara que existem certos padrões estéticos sujeitos a uma maior predileção.


O quadro pintado por Botticelli representa bem o ideal de beleza que vige até os dias modernos.

Essas predileções, em parte, são resultado da forma como nosso ser foi moldado, como máquina de sobrevivência que é, pelos replicantes (genes), ao longo de milhares de anos de evolução.[1] Um corpo atlético e livre de adiposidades é bem cotado pelas mulheres pois nosso ser interpreta aquele indivíduo em específico como possuidor de genes que perpetuarão uma máquina de sobrevivência mais apta a cumprir a finalidade daqueles, qual seja, replicação (com a melhor qualidade possível).

É interessante observar que esse padrão é, paulatinamente, adaptável ao cenário no qual o indivíduo está inserido (seleção natural), e podemos constatar isso ao voltarmos milhares de anos e observarmos outra Vênus, bem diferente da idealizada por Botticelli.


Senhores(as), eu vos apresento a Vênus de Willendorf. Pobre Willendorf...

Parece estranho o fato do sex symbol dos dias de hoje ser diametralmente oposto ao dos tempos pré-históricos, mas nada que uma boa dose de biologia/psicologia evolutiva para sanar o imbróglio: as preferências tanto destoam justamente porque os cenários nos quais os indivíduos estão inseridos são bastante diferentes. Num ambiente primitivo onde reservas energéticas (gordura) eram determinantes para a sobrevivência humana, as gordinhas eram as mais bem cotadas. Bem diferente dos dias de hoje em que o acúmulo de reservas energéticas sem gasto algum acabam gerando inúmeros problemas de saúde tais como diabetes e hipertensão. Aí está a explicação porque deixamos as gordinhas de lado e acabamos preferindo as magrinhas.

Precisei me ater a esses circunlóquios para chegar ao ponto que realmente interessa, o tal do dad bod. Acredito que o dad bod seja o elo perdido entre a “vênus masculina” de Willendorf e a de Botticelli. O meio termo, por assim dizer.

É muita ingenuidade acreditar em pitacos sustentados em pseudo-ciência como o fato de que homens com corpinho “pai de família” são bem mais cotados que homens com porte atlético, pelo fato de serem menos intimidadores ou de as deixarem menos seguras quanto ao próprio corpo.

Tanto homens quanto mulheres não buscam assumir um relacionamento com alguém com poder de barganha inferior somente para se sentirem mais seguros quanto ao próprio corpo. Os genes estão lá e moldaram seu corpo para conseguir replicar a melhor combinação genética possível, o que elimina o fato de relacionamentos feitos exclusivamente para inflar o próprio ego (essa, na verdade, é uma patologia da mente).

Pobre daquele que ler a matéria da GQ Brasil sem as lentes do senso crítico. Vai acabar achando que ser mais um mediano é um ingresso para o panteão dos mais bem cotados. São artigos irresponsáveis como esses que transbordam angustia em homens que confiam cegamente nas groselhas ditas por aí.
A prova disso tudo? Elementar meu caro Watson... vá em um shopping, em uma balada, em um restaurante de luxo e veja quem está em companhia das mais belas mulheres (tirando suspeitas exceções): você não vai ver nenhum dad bod ao lado dessas mulheres. Geralmente serão pequenas réplicas de Christian Gay Grey:


Dad Bod? Quem é esse?

A preferência só cai sobre os homens com corpinho “pai de família” justamente quando elas estão atrás de um pai de família. Em outras palavras, quando estão velhas (e se dizem “maduras”), ficam citando Clarice Lispector feito papagaios adestrados e nenhum homem com alto poder de barganha vê naquela mulher um investimento que corresponderá ao seu próprio. A partir daí ocorre o “arrependimento”, o “amadurecimento”. A esses homens restarão as responsabilidades, as reclamações e os chiliques que nunca foram direcionadas aos destacados e bem-sucedidos.


Jailson Mendes approves.

Dad Bod? Parece que alguém esqueceu um “e” entre o “D” e o “a” nessa história...

Au revoir!


[1] Para mais informações, recomendo a leitura d’O Gene Egoísta, de Richard Dawkins.

Sobre elefantes-marinhos e hipergamia

Engana-se quem acha que a hipergamia é um fardo exclusivo da espécie humana: os elefantes-marinhos padecem do mesmo mal, talvez numa proporção mais gravosa que nós mesmos sofremos: 4% dos elefantes-marinhos machos são responsáveis por 88% das cópulas observadas [1]. Isso significa dizer que se eu ou o leitor fossemos elefantes-marinhos, provavelmente terminaríamos nossos dias celibatários, sem sequer uma punhetinha para consolar.

No que pese não nos igualarmos à hipergamia brutal dos elefantes-marinhos, é notória que a hipergamia na espécie humana é presente e extremamente gravosa para os machos. No nosso caso, a influência dos memes e a inteligência deram um novo significado para isso, mas a essência continua a mesma.

O diferencial agora não é ser o mais forte (embora isso conte) mas aquele que possuir o melhor conjunto de características que as mulheres buscam (são 16, e pretendo enumerá-las em momento oportuno). A hipergamia em parte é escamoteada pelo fato de que grande parte das pessoas iniciam um relacionamento apenas como “quebra-galho”, e é exatamente esse o motivo pelo qual os laços heteroafetivos são tão volúveis: eles são firmados pela conveniência de ter alguém ao lado até que apareça um melhor candidato (recomendo a leitura deste excelente artigo de lavra de Denis Carvalho).

A maioria de nós faz parte dos “96%”. Porém, diferentemente da maioria dos pobres elefantes-marinhos machos, que não terão outra escolha senão morrerem virgens, nós temos a capacidade de nos desenvolvermos pessoalmente o suficiente para engrossar os parcos “4%” de machos alfas que terão a atenção de 88% das fêmeas.

Canso de ver caras de mimimi~, reclamando das péssimas escolhas que as mulheres fazem. Pois bem, lidem com isso, porque as coisas foram assim, são assim e sempre serão assim. Ao invés de perder tempo carpindo inutilmente, busquem se igualar aos 4%, não para ser bem cotado pelas mulheres, mas para seu próprio crescimento. Atrair os olhares femininos deve ser visto como consequência, jamais como fim.

Da próxima vez que reclamar do seletivismo feminino (que é perfeitamente natural e será tema de outro artigo), pense que as coisas poderiam ser piores se você fosse um elefante-marinho virjão.

Au revoir!


[1] O Gene Egoísta, Capítulo 9

O Dilema do Prisioneiro (e pondo um ponto final em algumas histórias)

Eu já disse o quanto o livro O Gene Egoísta, de lavra do ilustre Richard Dawkins é uma leitura no mínimo interessante para quem anda com caraminholas na cabeça a respeito de como opera as vontades humanas na hora de escolher uma cara metade? É verdade que o livro trata do comportamento animal de forma geral (embora pontue alguns comportamentos particulares como o dos elefantes-marinhos, tricópteros e louva-deuses), mas cai como uma luva na espécie humana. Afinal de contas, no que pese sermos os primeiros alforriados da tirania dos genes, continuamos prisioneiros de nossa sina animalesca.

Em determinado ponto o livro aborda o problema da teoria dos jogos chamado de o Dilema do Prisioneiro para abordar a questão do Altruísmo x Egoísmo das espécies. Resumidamente a história é a seguinte: A e B são presos pela polícia, que possui provas suficiente para condenar os dois criminosos, mas separando-os, oferece o mesmo acordo para ambos:

1) Se um testemunhar e o outro se manter em silêncio, aquele ganha a liberdade ao passo que este é condenado a 10 anos de prisão.
2) Se ambos se manterem em silêncio, ambos recebem uma pena reduzida de 6 meses de prisão.
3) Se ambos testemunharem um contra o outro, ambos recebem 5 anos de prisão.
Lembrando que os prisioneiros não sabem a escolha um do outro.

A princípio, a melhor escolha nos parece testemunhar contra nosso parceiro de crime. Se ele escolhe o silêncio, obtemos o melhor resultado. Se, no entanto ele escolhe testemunhar contra nós, pegamos 5 anos de cana, mas esse é um destino mais agradável do que se manter em silêncio e pegar o dobro da pena.

Digo a princípio, porque qualquer pessoa com um mínimo pensamento lógico chega a essa conclusão e percebe que o mais provável é que fatalmente ambos pegarão 5 anos de cadeia, já que um testemunhará contra o outro. No entanto, se os dois jogadores decidem se manter em silêncio, poderão reduzir 4 anos e meio de pena, um tempo considerável.

Eis que aí surge o dilema: qual das duas lógicas o parceiro de crime escolheu? Cooperar ou trair? Na natureza encontramos os dois extremos: de um lado, o louva-deus fêmea devora a cabeça do macho durante a cópula para que este perca o controle do sistema nervoso e provoque na fêmea um alto índice de fecundidade ao mesmo tempo em que faz um lanchinho para manter as reservas energéticas necessárias para cuidar de suas crias (isso quando o apetite é moderado, se a fome for muita, o pobre louva-deus macho é devorado por completo). Já os injustiçados morcegos-vampiros (também conhecidos como morcegos hematófagos), considerados por muitos como criaturas nefastas dos contos góticos vitorianos, possuem um padrão de cooperação mútua que auxiliam na perpetuação da espécie ao longo do tempo.

E o que é que essa chatice toda tem a ver com relacionamentos, você me pergunta. Elementar, meu caro Watson: em tempos de delação premiada e de mulher que faz unha no motel com gordo, eu diria que tem bastante a ver, ou melhor, TUDO a ver.

O Dilema do Prisioneiro diz muito a respeito dos dilemas (e escolhas) pelos quais todos os relacionamentos passam: ficar com ela até que a novinha nos separe ou até que a morte nos separe? Ficar com ele até que o desemprego nos separe ou até que a morte nos separe?

Não se engane: a situação é mais comum que você pensa, e o resultado na maioria esmagadora dos casos acaba em traição: (de um modo geral, e não só a traição com amante).
 As espécies, de modo geral, tem algo a seu favor: a oportunidade de retaliar caso seja penalizada por uma traição. Vamos considerar as seguintes possibilidades.

1) Lindinha namora com Riquinho. Riquinho e Lindinha possuem poderes de barganha altos e equivalentes, mas com o tempo o poder de barganha de Feinh... digo, Lindinha começa a cair drasticamente ao passo que o de Dan Bilz... digo, Riquinho só aumenta. Riquinho, opta por retaliar já que Lindinha “traiu” seu investimento, dando-lhe prejuízo. Riquinho termina com Lindinha e passa a namorar Florzinha. Para o dessabor de Lindinha, nenhum homem parece demonstrar interesse nela já que está velha e feia. Lindinha morre sozinha com uma penca de gatos a tiracolo.

2) Lindinha namora com Pobrinho. Pobrinho e Lindinha tem poderes de barganha diametralmente opostos: Pobrinho tem poder de barganha quase inexistente, ao passo que Lindinha tem um poder de barganha estratosférico. Apesar de tudo, Pobrinho é esforçado: estuda, trabalha e tem verdadeira devoção por Lindinha. O tempo passa, e Feinh... ops, Lindinha já não é mais aquela: titio Cronos, vulgo Fanfarrão, deu as caras. Pobrinho agora é concursado federal e tem o mesmo poder de barganha estratosférico que sua amada tinha há tempos atrás. Apesar dos poderes de barganha terem invertido, Pobrinho lembra do sacrifício de Lindinha em estar com ele em sua juventude e opta por cooperar. Lindinha e Pobrinho morrem dividindo a mesma paixão; e a mesma dentadura também.

Notem que são casos bastante pontuais e o fato de você namorar com um pobre coitado na sua juventude não vai garantir que ele vai estar lá para você na sua velhice. O mesmo pode ser dito para aquelas que namoram com um alfa badass from darkest hell: namorá-lo não significa que você acabará o fim dos seus dias sozinha.

Porém, eu gostaria de fazer aqui alguns adendos: o cara feinho da escola/faculdade exala carência. A escassez traz a valorização. Veja como tratamos a água no nosso dia a dia e um africano subsaariano a trata. As chances de ele permanecer contigo mesmo que no futuro você vire Jabba the Hutt (ok, ok, ok... não é pra TANTO né...) são imensas. Já o playboy tem mulheres a todo tempo e a todo lugar. As chances de você se parecer mais com um bem de consumo do que com um ser humano aos olhos dele não devem ser ignoradas.

Então tudo se resume a pagar na juventude e ganhar na velhice ou vice-versa? Ok, então prefiro ganhar na juventude e pagar na velhice já que pelo menos tenho a garantia de que aproveitarei bem pelo menos uma fase da minha vida! Esse pensamento, apesar de tentador, é uma grande armadilha para as mulheres, e aqui explico o por quê (ou porquê, ou por que, ou porque, foda-se, eu sempre detestei os porquês): estudos conduzidos na Inglaterra indicam que as mulheres alcançam o ápice de seu poder de barganha aos 30 anos (quando são laureadas balzaquianas), ao passo que os homens alcançam aos 40, uma diferença de 10 anos. Quando uma mulher opta por um Riquinho, o mais provável é que o encanto que ele tem por ela acabe quando ela tiver cerca de 30 anos. Passará cerca de 50 anos sozinha, se considerarmos que ela viva 80 anos. Se, no entanto, ela optasse pelo Pobrinho, poderia ganhar 50 e perder 30.

Não podemos também esquecer que existem os santos (ou seriam idiotas?) que insistem em cooperar mesmo diante de reiteradas traições. Talvez seus genes se perpetuem, mas sua máquina de sobrevivência será punida do início ao fim de sua existência. Considerando que somos os únicos a nos rebelarmos contra os replicadores, acredito que devamos pensar mais em nossas máquinas de sobrevivência do que nos nossos pequenos hóspedes.

Claro, tudo se resume a escolhas. Se sua intenção é curtir a juventude e arranjar um idiota que nunca teve a oportunidade de curtir a vida para arcar com todos os ônus ao passo que você vai gozar de todos os bônus, boa sorte. Se sua intenção é sacrificar sua juventude para aproveitar sua vida adulta e sua velhice com um cara que tem grandes chances de gostar de você, mesmo depois de Cronos tê-la massacrado, parabéns, você talvez não tenha feito a escolha perfeita mas sem sombra de dúvidas está longe de ser uma escolha estúpida.

Para laurear com a devida pompa este texto, peço a licença de tomar de empréstimo a sabedoria lapidar do saudoso Pablo Neruda: “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.”




Au revoir!

A razão pelo qual os “cinquentões” estão trocando suas mulheres pelas novinhas

Essa é uma questão que há algum tempo já tinha chegado aos meus ouvidos, mas o fato do ilustre Luiz Felipe Pondé tocar no assunto, me fez reacender o interesse e a necessidade de debater esse assunto. Para aqueles que se interessarem, segue o link para o vídeo:


Serei categórico: os mais velhos estão trocando suas mulheres pelas novinhas pelo mesmo motivo pelo qual elas trocam seus homens quando eles perdem o emprego! É a velha estratégia da retaliação que abordei no artigo “O Dilema do Prisioneiro”, ou se preferirem, a política do “olho por olho”.

Devo ter dito por aí, mas se não disse, aí vai: as pessoas são movidas por interesses. Não só elas, mas também o mundo em si. O interesse é a mola propulsora da atração. Sem interesse, não há atração (entende agora porque as mulheres acham alguns homens intere$$ante$)?

Pondé tem sua opinião formada e concordo em partes com ela. E falando em partes, vamos por elas:

1) Considero que a perda de interesse sexual da mulher seja uma questão relevante, mas que não deve ser tratada isoladamente. Do contrário, a preferência não recairia necessariamente sobre mulheres no ápice de seu poder de barganha (até os 30 anos mais ou menos), mas em mulheres mais velhas que, ainda assim, mantém um certo interesse sexual. Acredito que a preferência é um conjunto de fatores: a beleza e a disposição para o sexo presentes em mulheres mais jovens.

2) Não acredito em paixão entre velhos gagás de 80 e novinhas funkeiras de 20. Tal crença seria um insulto a centenas de anos de estudos nos mais diversos ramos da Biologia. O ser humano admira o belo, em maior ou menor grau. A beleza é fundamental (tomando emprestadas as palavras do saudoso Vinícius de Moraes) ao interesse, o interesse à atração e a atração ao “amor” (e digo aqui amor entre aspas pois não acredito nele, e explicarei a razão desta descrença em outra oportunidade). Se não há beleza e dinheiro, não há como haver “amor”. Admitir o contrário é de uma hipocrisia tamanha que faz a choldra politicamente correta ulular em regozijo, mas que conspurca despudoradamente anos e anos de conhecimento científico. Vocês ficariam surpresos com a teatralidade nata das mulheres mais novas... dá banho em muita atriz profissional por aí. Quando se vê anomalias do tipo mulheres extremamente novas com caras extremamente velhos, o que se tem é apenas uma mulher que finge gostar de um sujeito para saciar seus ávidos impulsos consumistas. Isso porque a beleza é indissociável da persona, ao passo que o dinheiro é dissociável: você não vai ver ninguém depositando sua beleza em algum banco chique. Aqui, tomo de empréstimo as palavras do mestre Nessahan Alita: “O homem deseja a mulher e a mulher deseja o desejo do homem”. Portanto, se você se enquadra nessa situação, não seja ingênuo: aquela gatinha da facul não está afim de você. Ela só finge estar afim de você para ter acesso às facilidades que você disponibiliza. Duvida? Então corte os benefícios para ver até quanto dura o seu romancezinho.

3) Concordo que devamos buscar nossa felicidade, mas sem jamais fazer o mal injustamente. Do contrário seremos pequenas crias do raciocínio maquiavélico. Os caras que largam suas mulheres para ficar com as novinhas geralmente o fazem em caráter retaliatório. Geralmente as mulheres que acabam nessa situação são as do tipo que procuravam um “bom partido” (leia-se: Christian Grey). Caras desse tipo tem a maioria das mulheres ao seu dispor, reforçando a famigerada hipergamia feminina (para mais detalhes, ler “Sobre elefantes-marinhos e hipergamia”). A tendência é reificar a mulher ao invés de humanizá-la. O resultado é catastrófico para elas ao perceber que o “maridão” resolver trocar de carro e de mulher no mesmo pacote. O abandono é a resposta a um investimento que não está mais trazendo lucros e ao mesmo tempo uma retaliação ao instinto hipergâmico feminino quando na casa dos seus 20, essas mesmas mulheres rejeitam o Peter Parker da faculdade. Homens carentes da atenção feminina, no entanto, hipervalorizam e tendem a permanecerem junto à sua mulher, mesmo que o tempo lhe tire a beleza. Uma atitude altruísta parece ser a melhor Estratégia Evolutiva Estável, e sua perpetuação depende exclusivamente das mulheres, pois elas comandam as peças brancas no xadrez da vida. Mutualismo, por outro lado, dura até onde for possível o mútuo (recomendo a leitura do artigo “Dilema do Prisioneiro” para mais detalhes).

Eventualmente algum ponto pode ter passado em branco, mas minha ideia era dar uma abordagem bem resumida do assunto. Recado para as mulheres: a felicidade de vocês depende exclusivamente das escolhas de você.

Lembrem-se que de nada adianta ao náufrago sedento beber da água do mar, por maior que seja sua sede: isso só o faria morrer mais rápido. O mesmo raciocínio urge ser aplicado às escolhas do coração.


Au revoir!

Cara bonzinho só se da mal?

A frase parece um grande clichê, mas queira você ou não, ela é uma grande verdade. Antes de mais nada, cabe deixar claro quem é o cara bozinho: o indivíduo que faz de tudo para agradar a pessoa por quem se sente atraído, ganhando assim a pecha de bonzinho. Tendo isso em mente, vamos explicar aqui porque esse tipo de cara, no final das contas, sempre acaba se danando nas mãos das mulheres.

Você já viu por aí um cara rico, bonito e bonzinho? Não viu e provavelmente jamais verá. Isso porque o perfil de cara bonzinho jamais anda de mãos dadas com o perfil de cara destacado, pelo contrário, não raras vezes anda de mãos dadas com o perfil típico de cafajeste. O homem bem sucedido tem plena consciência de seu alto poder de barganha e sabe que se eventualmente a mulher com quem se relaciona o abandonar, existirão milhares de outras a disposição para suprir a demanda. Por isso mesmo o homem rico e bonito não vê a necessidade de ser “bonzinho”, pois sabe que sua demanda sempre será atendida. Além disso, as réplicas de Christian Grey exibem um comportamento excitante para as mulheres, pois elas amam fortes emoções, e manter um relacionamento com um cara que a qualquer momento pode te meter um belo dum chute no traseiro, certamente está entre as mais bem cotadas.  

O cara bonzinho geralmente é o cara pobre e feio. A escassez de recursos e a feiura masculina são tão repugnantes às mulheres quanto a feiura feminina é para o homem. Diante da escassez de mulheres, muitos caras acabam se tornando extremamente carentes, o que os levam a agradar de todas as formas possíveis e imagináveis as mulheres pela qual se sentem atraídos, na vã tentativa de gerar, ao menos, uma faísca de atração nos corações femininos. O bonzinho vê a mulher pela qual se sente atraída, como única e insubstituível. O que o infeliz não sabe é que isso só piora o que, convenhamos, já não estava bom.

Primeiro porque a psique feminina funciona de modo diferente da masculina. Ao passo que desejamos mulheres recatadas sob o ponto de vista comportamental, as mulheres desejam homens impetuosos, indiferentes e falastrões (embora neguem de pés juntos). Portanto, um homem que demonstra carência, também demonstra fragilidade, e isso o torna menos atraente ainda. Não raras vezes ganha a pecha de fracassado, frouxo, banana, pamonha etc.

Segundo porque o cara bonzinho é visto como um manipulador em uma obsessiva busca por sexo, o que na maioria dos casos é um pensamento equivocado e leviano. O cara bonzinho só o é porque em sua mente pueril, isso de alguma forma despertaria alguma atração nas mulheres, quando na verdade o efeito é justamente o contrário. O bonzinho apenas deseja atrair as mulheres fazendo uso dos meios errados, por acreditar no engodo de que mulheres dão valor ao perfil que este homem se propôs a assumir. E não há nada de errado em lançar mão de atributos que de alguma forma gerem atração no sexo oposto. Dizer que o cara bonzinho é um manipulador por querer agradar a mulher é tão congruente quanto dizer que a mulher que silicona os seios é manipuladora por querer agradar o homem. Não bastassem os infortúnios da vida, o bonzinho é ainda obrigado a ter que escutar acusações aleivosas de que é um manipulador, ou até mesmo, pasmem, um psicopata.

E são essas, meus amigos(as), as principais razões pela qual nossos ilustres “caras bonzinhos” acabam sempre tendo seus respectivos esfíncteres anais dilatados por estruturas cilíndricas.

A sociedade politicamente correta em que vivemos, inculcou a falsa ideia de que riqueza e beleza são acessórios aos olhos femininos, ao passo que o caráter é principal. Pensando bem, essa frase não deixa de ser verdade pois o caráter não deixa de ser principal. Caráter grana, caráter beleza, caráter carro...

Au revoir!